Dinheiro traz felicidade? O antigo ditado que sempre ouvimos – e, às vezes, repetimos – diz que não. Mas, com certeza a falta de dinheiro tem sido fonte da preocupação e do estresse de grande parte da população brasileira.
Em janeiro deste ano, o Instituto FSB Pesquisa e a SulAmérica divulgaram os resultados de um estudo conduzido com brasileiros de todas as regiões do país e demonstraram um pouco sobre as preocupações com a área financeira da vida.
De acordo com o levantamento, 71% dos entrevistados estão muito preocupados com o equilíbrio financeiro em suas vidas. E, ainda, 52% deles estão sempre estressados com as despesas e com os compromissos financeiros dentro de casa. O estudo também mostrou que, em decorrência da pandemia da covid-19, 6 em cada 10 brasileiros tiveram que reduzir gastos. E, 66% das pessoas que “apertaram os cintos” o fizeram porque estão ganhando menos dinheiro do que antes do início da pandemia.
Isso quer dizer que estamos sempre todos preocupados com dinheiro, ou a falta dele, e demonstra que o panorama do início de 2021 não mudou muito. As principais preocupações da população ainda são: saúde e economia.
Essa informação foi confirmada ao olharmos para os dados de pesquisas realizadas no início do ano passado. Um estudo realizado pelo DataFolha ano passado, no qual 27% dos brasileiros consideravam a saúde o principal problema enfrentado pelo país. Já, em outro levantamento, conduzido pela consultoria Atlas, 59,1% dos brasileiros apontaram a economia como um dos principais problemas do país.
Pensando em todo esse panorama, fica claro que o bolso das pessoas é uma das áreas mais sensíveis e mexem profundamente com os sentimentos, causando estresse, preocupação, depressão e ansiedade. Por isso, hoje, vamos falar sobre a relação sobre saúde mental, saúde financeira e porque isso é mais um “problema” do RH e deve ser contemplado na gestão de saúde e bem-estar da empresa.
O que é saúde financeira?
Em nossa sociedade, precisamos de dinheiro para concretizar nossos sonhos, objetivos e desejos. Mas, não é incomum que vejamos pessoas que não têm muito controle sobre sua situação financeira ou não sabem o que está acontecendo direito, sem entender para onde vai o dinheiro que gastam.
Esse descontrole e descuido com o dinheiro é considerado uma falha geracional, pois nossos pais e avós não tinham o costume de planejar os gastos e estavam muito mais acostumados a apenas pagar as contas e lidar com as emergências que vinham e demandavam dinheiro da pequena reserva que eles tinham.
Mas, de uns anos para cá, a sociedade como um todo tem discutido mais o tema e as pessoas têm buscado, cada vez mais, entender como cuidar de seu dinheiro. Principalmente, para poder realizar seus objetivos e alcançar a independência financeira. E o conceito de saúde financeira é justamente isso, cuidar da saúde financeira é procurar entender sobre seus gastos, buscar mais educação financeira para poder pagar as contas e, ainda, guardar algum dinheiro para outros objetivos.
Bem-estar financeiro X estresse financeiro
Assim como falamos em outros conceitos de saúde, o bem-estar financeiro é quando uma pessoa consegue atingir um estado de equilíbrio em suas finanças.
Então, um indivíduo saudável financeiramente consegue pagar todas as contas mensalmente, guardar para o futuro e, ainda, ter uma pequena sobra para aproveitar a vida. Tudo isso, sem ficar com o saldo da conta negativo.
Já, o estresse financeiro acontece quando o indivíduo está com um grande desequilíbrio em sua vida financeira, não conseguindo pagar as contas, não tendo dinheiro para o futuro e sempre sem dinheiro para ter itens básicos e lazer.
As consequências do estresse financeiro, saúde mental e pandemia
O estresse financeiro traz uma série de preocupações para quem sofre com o descontrole das próprias finanças. E essas preocupações vão gerando outros sintomas de desconforto, como insônia, ansiedade, entre outros. Assim como outros problemas, quando a pessoa está passando por essa situação de estresse de maneira contínua, os “sintomas” vão se tornando cada vez mais sérios. E, isso já existia antes de termos que lidar com outros fatores que geram medo e preocupação, como uma pandemia.
O impacto negativo que a covid-19 teve na economia não foi pouco, elevando a preocupação com o dinheiro para outro nível. Então, temos um panorama de muito acúmulo de situações estressoras: uma situação financeira não equilibrada, junto com a preocupação com a saúde própria e das pessoas queridas e, em alguns casos, somado à sobrecarga de trabalho.
Olhando para todo esse contexto, é mais simples de entender como o estresse financeiro pode afetar a saúde mental de uma pessoa. E, não somente a saúde mental é afetada pelo endividamento. O SPC Brasil conduziu um estudo que concluiu que 8 em cada 10 inadimplentes sofrem impactos físicos e emocionais por causa do atraso das contas.
Entre as consequências do endividamento, estão os seguintes problemas:
● Ansiedade – 63,5%
● Estresse e irritação – 58,3%
● Tristeza e desânimo – 56,2%
● Angústia – 55,3%
● Insônia – 42,8%
● Alterações no apetite – 32,3%
● Improdutividade e baixa performance – 30%
● Agravamento de vícios – 28,2%
E o problema funciona como um ciclo, o estresse financeiro prejudica a saúde mental, que, por sua vez, prejudica a tomada de decisões e dificulta a administração das finanças, causando mais preocupação e endividamento.
Por que isso é uma questão para o RH ter no radar?
Exemplificando com dados, um estudo realizado em 2019 pela Salary Finance, uma empresa de benefícios financeiros do Reino Unido, identificou que profissionais que estão aflitos por causa de problemas financeiros têm cinco vezes mais chances de perder prazos, estão quatro vezes mais propensos a apresentar baixa performance e três vezes mais chances de sofrerem crises de ansiedade ou com depressão.
E, por vezes, a baixa performance de uma pessoa pode acabar afetando toda uma equipe da empresa e, com isso, os resultados gerais são impactados. Portanto, é importante observar os colaboradores e entender o problema pelo qual estão passando para poder ajudá-los a retomar o trabalho. Também é possível oferecer orientações sobre como sair dos problemas financeiros e reequilibrar suas finanças para conseguir alcançar um estado ideal, eliminando assim, um dos fatores estressores.
Como a empresa pode abordar essa situação com os colaboradores?
Vamos começar falando sobre um ponto importante para a discussão: a ausência de bem-estar financeiro não está ligada ao quanto uma pessoa ganha. Mas, sim, como a pessoa lida com o salário, ou seja, seus hábitos de consumo e planejamento financeiro pessoal.
Segundo ponto importante antes de começar a incorporar essa temática na sua gestão de saúde é que falar de dinheiro ainda é um grande desafio para a maioria das pessoas – quase tanto quanto falar de saúde mental.
Mas, não significa que não falar sobre o assunto fará com que o problema vá embora. Na verdade, é o oposto, ao não falar os sentimentos de preocupação se intensificam e prejudicam ainda mais a situação. Por isso, a empresa pode ajudar ao dar a oportunidade de seus colaboradores conversarem com especialistas em finanças, organização financeira e/ou terapeutas.
Outra ação que irá permitir que o pessoal reflita sobre os problemas e procure ajuda é trazendo o tema à tona por meio de palestras e workshops. E, então, ajudar oferecendo ferramentas de gestão financeira, orientação em investimentos, planos de previdência, entre outras soluções financeiras.
Mas, primeiro, procure entender a situação de cada colaborador, se possível. Depois, passe para o projeto de educação financeira e, por fim, criando um canal e uma abertura para o pessoal tirar dúvidas e conversar com o RH e seus gestores.
Vale lembrar que as empresas com programas de gestão de saúde mais renomados tratam também da saúde financeira e entendem a importância do assunto.
Conte com a Proativa para ajudar você a cuidar dos seus colaboradores!
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